sábado, 30 de abril de 2011

1984: a política em campo

Último presidente militar do Brasil, o general João Baptista Figueiredo tinha como hobby, além da criação de cavalos, o cooper no calçadão de São Conrado. Mas o hábito saudável não impediu um enfarto, e em 1983, após submeter-se a uma cirurgia nos Estados Unidos, Figueiredo retoma o exercício sob a supervisão de um preparador físico. Chamava-se Nazareno Tavares Barbosa, e fora indicado pelo empresário Ricardo Koury, que também era seu aluno.

Nazareno Tavares Barbosa

Aos vinte e seis anos, Nazareno vivia numa favela em Benfica. Ao se tornar próximo do presidente, viu a chance de tentar uma indicação para um emprego melhor. Dois anos antes, Figueiredo cedera ao Fluminense o terreno para o Centro de Treinamento de Xerém; agora, o general tricolor pedia uma vaga para o preparador físico.

O trânsito na política levou Nazareno a conhecer Paulo Maluf, que articulava sua candidatura à Presidência, tornando-se seu cabo eleitoral na área esportiva. “O negócio é o seguinte: ele vai fazer muito pelo futebol e pelo esporte amador”, dizia. “É isso que eu falo aos jogadores e parece que estou convencendo”.

Dois Paulos: Paulo Vítor, goleiro do Fluminense,
leva seu apoio a Maluf, na véspera da final. (Vidal Trindade/Jornal do Brasil)

A Taça Guanabara de 1984 foi disputada no dia 23 de setembro. Era um domingo, dia de Fla-Flu no Maracanã. Ninguém devia estar pensando em política, mas o estádio foi coberto pelas primeiras faixas contra Maluf (e a favor de Tancredo Neves, candidato da Aliança Democrática e das Diretas) logo no jogo preliminar, uma vitória de 2x1 dos juniores do Flamengo sobre o tricolor.

Na semana anterior, com o Fluminense de passagem por Brasília, Nazareno havia levado Washington, Branco, Jandir e Aldo para declarar apoio a Maluf. A visita obrigou o presidente do time, Manoel Schwartz, a afirmar que o clube não se misturava com política. Na véspera da final, o goleiro Paulo Vítor ignorou as palavras de Schwartz e foi encontrar o deputado na TV Manchete. Posaram abraçados para a foto. No mesmo dia, a Garra Tricolor protestava com uma faixa em Laranjeiras: “Tancredo é a solução”. Na Gávea, torcedores anunciavam a criação da Fla-Tancredo.

O Flamengo entrou em campo conduzido por Zagalo, querendo a revanche do Carioca de 1983. Em menos de um ano, o rubro-negro tinha perdido Zico e Júnior para o futebol italiano; agora, contava com Andrade e Bebeto. E estreava o argentino Ubaldo Fillol, goleiro da seleção argentina em 1978 e 1982. Na Celeste, Fillol ganhara a fama de goleiro frio: uma verdadeira muralha.

Do lado do Fluminense, quem se apresentava era o meia paraguaio Romerito, encantado em participar do clássico, como contou ao Jornal do Brasil: "Desde garoto sei que o Fla-Flu é uma loucura. A gente ouvia nos rádios, lia nos jornais e dava até na televisão". As Laranjeiras viviam os últimos anos de glória da Máquina Tricolor: Assis e Washington, o Casal 20, estavam em plena forma.

O campeão Flamengo, na foto oficial.

O jogo começa com o rubro-negro pressionando. Com apenas dois minutos, Nunes cabeceia, mas Paulo Vítor joga para escanteio. Aos vinte o zagueiro Duílio, do Fluminense, jura que o juiz marcou uma falta – e pega a bola com a mão. Agora, sim, o árbitro José Roberto Wright apita: Tita bate a falta e Adílio cabeceia. Flamengo 1, Fluminense 0.

Vem o intervalo e a torcida organizada revela a faixa inteira: “Maluf não, Tancredo é a solução”. Do outro lado do anel, a provocação: “O Fla não malufou”. A Falange Rubro-Negra distribui fitinhas amarelas, símbolo das Diretas Já.

Romerito arrisca um gol logo no início do segundo tempo, mas a bola vai para fora. O Fluminense não ataca: Fillol faz uma única defesa no jogo inteiro. O Flamengo leva o título sem esforço. O escrete tricolor sai de cabeça baixa, sob os gritos da Força Flu: “ão, ão, ão, Maluf é corrupção”.

Eles estavam certos. Após o envolvimento com Paulo Maluf, Nazareno – vulgo “Professor” – intermediou com uma facção criminosa a campanha nas favelas do candidato ao Governo Moreira Franco, que se elegeu em 1986. Em 1988, foi preso armado e dirigindo um Monza roubado; em 1990, planejou o sequestro do empresário Roberto Medina, explicando para a polícia que precisava do dinheiro do resgate para financiar sua candidatura a deputado estadual. Foi morto em 1997, a tiros, dentro de um carro.

Um dia antes do jogo, Maluf arriscou: 2x1 Fluminense. Tancredo também deu palpite – 3x1 Flamengo. Os dois erraram. Em 1985, Tancredo derrota Maluf, tornando-se o último presidente eleito pelo Colégio Eleitoral. Faleceu antes de tomar posse, deixando o cargo para José Sarney.

A derrota na Taça Guanabara não impediu o Fluminense de levar o Campeonato Carioca, numa vitória de 1x0 sobre o Flamengo, e fazer a primeira final do Brasileiro decidida entre dois clubes cariocas. Também ganhou de 1x0, desta vez contra o Vasco, com gol de Romerito.

A Taça Guanabara foi o único título conquistado pelo Flamengo em 1984.


FICHA TÉCNICA:

Flamengo 1 x 0 Fluminense
Local: Maracanã
Público: 99.898 pagantes
Árbitro: José Roberto Wright
Gols: Adílio (20')
Flamengo: Fillol, Jorginho, Leandro, Mozer e Adalberto; Andrade, Élder e Tita;
Bebeto, Nunes e Adílio. Técnico: Zagalo.
Fluminense: Paulo Vítor, Aldo, Duílio, Ricardo e Branco; Jandir, Delei e Assis;
Romerito, Washington e Tato. Técnico: Luís Henrique.


Por Angelo Cuissi

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Se é de emoção que se faz um Fla x Flu...

Se o Fla x Flu, por si só, é sempre permeado por muita emoção e pela total entrega de jogadores e torcedores, qual é a fórmula utilizada, então, para que determinadas partidas se tornem inesquecíveis? Esta questão não pode ser definida por uma resposta genérica. Afinal, "fórmula" não parece ser a palavra correta a ser usada: cada Fla x Flu inesquecível possui a dose certa de surpresas e de ações, digamos, do destino, que o deixará permanentemente na memória futebolística.
E o que veio a ocorrer no último jogo entre Flamengo e Fluminense, dia 24 de abril de 2011, pela semifinal da Taça Rio? Tão recente e já histórico! Como de costume, para que pudesse atingir a alcunha de "inesquecível", estiveram presentes grandes surpresas (ou imprevistos?) e elevadas taxas de emoção, junto a um resultado inusitado, que pareceu ter sido milimetricamente construído e moldado pelo destino.
O palco era o Engenhão, onde se enfrentariam os maiores vencedores do Campeonato Carioca. O clube rubro-negro não tinha Ronaldinho Gaúcho, seu ator principal; ao contrário, o tricolor estava com o seu elenco completo. Cada uma das equipes sabia da necessidade da vitória, por motivos particulares: o Flamengo por querer levar o Campeonato Carioca direto, visto que já tem o primeiro turno garantido, precisava chegar à final; o Fluminense, pelo desejo da conquista do segundo turno e, quiçá, do Carioca 2011. Fato é que apenas um sairia vitorioso...
O jogo teve início conturbado, com muita chuva e os times demonstrando a tensão que é disputar um Fla x Flu. Logo aos 11 minutos, a primeira surpresa: o juiz paralisa a partida, devido à queda de energia no estádio. Houve ainda mais uma pausa pelo mesmo motivo, e outra de tempo técnico: jogadores e torcidas deixavam transparecer o nervosismo com tais paralisações.
Ainda na primeira etapa, o tricolor abriu o placar com o seu "Guerreiro He-Man" e, mesmo com um gol irregular, levou vantagem, além de ter sido melhor em campo. Eis que, no segundo tempo, o rubro-negro acorda na partida e passa a jogar de igual para igual. Aos 22 minutos, Thiago Neves, após belo lançamento de Willians, arranca um empate e o Flamengo passa a pressionar. Porém, não seria no tempo normal que o jogo acabaria.
Pênaltis. Cinco cobradores para cada lado e... Empate outra vez. A solução foram as cobranças alternadas. Alguns desperdiçaram a cobrança, os goleiros também fizeram a sua parte... 


Goleiro Felipe, do Flamengo, defende pênalti e ajuda o time a passar pelo Fluminense (Foto: Tasso Marcelo)

O final feliz, no entanto, viria apenas para um. Após uma partida que durou 2h40min, fora definido o campeão de mais um inesquecível Fla x Flu: o Flamengo levou a melhor!

Por Karla Passeri

terça-feira, 26 de abril de 2011

O maior público de todos os tempos


Existem motivos de sobra para tornar um Fla x Flu inesquecível, um deles é a presença do público. O torcedor pode ser tão protagonista quanto o jogador, e é justamente por causa dos famosos "geraldinos e arquibaldos" que a decisão do Campeonato Carioca de 1963 entrou para a história.

Como disse Nelson Rodrigues, no dia 15 de dezembro do ano em questão "os vivos saíram de suas casas e os mortos de suas tumbas, para assistir ao maior Fla x Flu de todos os tempos". E essa grandeza é atribuída às arquibancadas. A decisão levou 194.603 torcedores ao Maracanã, recorde de público do clássico, do estádio e da história do futebol mundial.

Como nem tudo pode dar certo sempre, essa multidão infelizmente não viu nenhum gol. Mas a parte rubro-negra comemorou um título. O placar de 0x0 levou o Flamengo à conquista do estadual e acabou com um jejum de oito anos na competição.

Hoje a rivalidade é até maior: 31 títulos do Fla contra 30 do Flu. Já nas arquibancadas a grandeza do clássico não é a mesma. O espaço físico, por exemplo, não colabora. O próprio Maracanã, antes de ser fechado para obras, mal suportava metade dos fanáticos que lá estavam em 1963. Mas, pior sem ele. O Engenhão, casa temporária dos cariocas, não atrai os rubro-negros, e muito menos os tricolores.

Partidas mais emocionantes em campo do que a de 1963 não faltam na história do clássico. Mas público como aquele não será mais possível. Logo, vale relembrar!

Ficha Técnica:

Flamengo 0x0 Fluminense
Campeonato Carioca 1963

Data: 15 de dezembro de 1963
Local: Maracanã - RJ
Público Pagante: 177.020 pessoas
Público Presente: 194.603 pessoas
Renda: CR$ 57.993,50

Fonte: Flapédia

Autora: Monique Danello

MASCOTES





O mascote do Fluminense é o Cartola, cuja escolha está longe de simbolizar alguns dirigentes desonestos de hoje que usam seus clubes como trampolins sociais. O Cartola, mascote do Fluminense, objetiva mostrar a ligação do Fluminense com a nobreza e a fidalguia brasileiras. É um cartola que usa fraque, traje que denotava refinamento, porque era fino, de educação superior e que só aceitava vencer em respeito às regras preestabelecidas. Esse Cartola é, sem dúvida, a mais perfeita síntese Tricolor. O Cartola do Fluminense foi criado em 1943 pelo chargista argentino Mollas.


O primeiro mascote do Flamengo foi o marinheiro Popeye. A idéia para o mascote partiu do chargista argentino Lorenzo Mollas, que viu no Popeye a força e a persistência do Flamengo, além de sua óbvia ligação com o mar. Porém não havia ainda uma verdadeira identidade entre o mascote e o clube.

Na década de 60 as torcidas rivais, como forma de provocação, chamavam os torcedores do Flamengo de "urubus". Logicamente os torcedores rubro negros se sentiam ofendidos, afinal era essa uma forma de ridicularizar uma torcida popular, formada em sua maioria de afrodecendentes e pessoas de baixa renda.

Porém se há outra característica associada ao Flamenguista, essa é a irreverência. Só ela explica a atitude de um grupo de torcedores às vésperas do clássico entre Flamengo e Botafogo, pelo segundo turno de campeonato Carioca de 1969.
 

No domingo, o grupo levou um urubu ao estádio enrolado a uma bandeira. A intenção: Quando a equipe entrasse no gramado, soltariam a ave.

Nas arquibancadas, os torcedores do Botafogo gritavam, como sempre, que o Flamengo era time de "urubu". Então os torcedores decidiram soltá-la, mesmo antes da entrada da equipe: Meio assustada, ela faz o seu vôo sobre o gramado carregando uma bandeira rubro negra presa ao corpo, e pousa em campo pouco antes do jogo iniciar. Foi o bastante para a torcida fazer a festa, vibrar e gritar: "é urubu, é urubu!".

O Flamengo venceu o jogo por 2 a 1, a partir daí, o novo mascote consagrou-se, tomando o lugar do Popeye. O cartunista Henfil, rubro-negro, tratou de humanizá-lo em suas charges esportivas em jornais e revistas, e desde então o urubu tornou-se um mascote popular.



Por Elton Baur e Rodrigo Lopes

segunda-feira, 25 de abril de 2011

23/09/1984 - FLAMENGO 1 X 0 FLUMINENSE - Fla X Flu das Diretas

    



   Em 1984, o país estava presenciando um dos maiores movimentos políticos da história do Brasil: as Diretas-Já. Nos últimos momentos da ditadura militar, o deputado mato-grossense Dante de Oliveira (PMDB) envia ao congresso nacional, uma emenda à Constituição onde a escolha do primeiro presidente da república civil, após o golpe, seria através voto popular. 


  Desde 64 a escolha do presidente da república era realizada por via indireta, ou seja, pelo Colégio Eleitoral, após o golpe que levou os militares ao comando da vida política no Brasil. Mas em 1984, a partir da festa do 1º de Maio na Praça da Sé em São Paulo, que se tornou o “palanque”, o movimento das Diretas-Já ganhou força em todo o Brasil. 


  No Fla-Flu decisivo da Taça Guanabara daquele ano, alguém lembrou que o presidente militar, General João Baptista Figueiredo, apesar de gaúcho, era simpatizante do Fluminense; e que como alegria pouca é bobagem, uma comissão pó-de-arroz fora ao Palácio do Planalto entregar a faixa de campeão estadual de 1983 àquele que dizia preferir “cheiro de cavalo a cheiro do povo”. Já o Flamengo, maior torcida do Brasil, seria a representação perfeita do povo. 


   A emenda não alcança o mínimo de votos para virar lei, e a escolha do presidente ficaria restrita à escolha dos deputados e senadores entre, Paulo Maluf, do PDS (partido do governo militar) e Tancredo Neves, do PMDB (partido de oposição). De um lado o Fla "tancreda" e do outro o Flu "malufa", havia um jogador tricolor pousando ao lado do candidato do PDS e dizendo ser o seu candidato à presidente. O Flamengo venceu o Fluminense por 1 x 0. Gol de Adílio aos 20 minutos do primeiro tempo. 


   O Fla de Tancredo Neves (que seria eleito presidente, e sempre assumira seu amor pelo Mengão) era campeão, pela nona vez da Taça Guanabara, e a comemoração fora tanta, a ponto do técnico rubro-negro Zagallo dizer que esta conquista seria para ele, o mesmo peso do tri-mundial com a seleção brasileira. Nunes então, confirmara sua permanência no rubro-negro. E o goleiro Fillol homenagearia esta conquista ao preparador de goleiros do Fluminense, João Carlos Travassos, que o provocaria a semana inteira, dizendo não ser difícil para o tricolor marcar gols no arqueiro argentino. Romerito, o craque do Flu na conquista do estadual daquele ano, nada fez no jogo, e ainda estranharia que os jogadores apoiassem o candidato que era contra os anseios populares. Washington do Fluminense então, sumira por completo no jogo. O Fla vingaria o povão com aquele 1 x 0.

Fonte: Assaf, Roberto e Martins, Clóvis (1999) FLA x FLU, O Jogo do Século - Ed. Letras & Expressões.

Por Lidiane Costa

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O primeiro FlaFlu eles nunca esquecem: Enderson Moreira

Essa semana tem FlaFlu. E é o primeiro do técnico interino do Flu, Enderson Moreira. Ele falou sobre isso hoje. Quer ler? Clique aqui.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Fla x Flu - Taça Guanabara de 2004


Quase 60 mil pessoas estiveram no Maracanã para prestigiar um dos Fla x Flu's mais emocionantes de toda a história. Era um jogo normal, de fase de classificação da Taça Guanabara de 2004. Mas o Fla x Flu nunca é só mais um jogo. E este serviu para honrar como nunca as tradições do clássico que surgiu "40 anos antes do nada". Valorizou as camisas das duas equipes e fortaleceu mais ainda a mística deste confronto tão charmoso e importante no futebol brasileiro.
O Fluminense era franco favorito. Contava com o artilheiro Romário no ataque, e tinha ainda craques como o meia Ramón. Chamado de "Máquina Tricolor", lembrando a equipe dos anos 70, o Flu era considerado a grande potência do futebol do Rio de Janeiro naquele ano. Mas, a raça e a força da camisa do Flamengo valeram mais neste domingo emocionante.
E foi neste domingo, que valeria como uma festa pelo aniversário de Romário, três dias antes,o Baixinho brilhou. Mas, não foi seu time quem saiu com a vitória, e não foi ele quem saiu como grande nome da partida. Brilhou mais ainda a estrela de um jovem lateral-esquerdo. De um Guerreiro, como diz seu sobrenom. Brilhou a estrela de Roger, que viria a se tornar um carrasco do Fluminense naquele ano.
O jogo foi tenso. O Fla fez 1x0, e o Flu empatou ainda no primeiro tempo. No segundo tempo, os tricolores foram com tudo e abriram 3x1. Mas, não se pode relaxar em um Fla x Flu. O Rubro-Negro ressurgiu das cinzas como uma fênix, e foi aos poucos chegando junto. Diminuiu, empatou, e virou o placar. Os dois últimos gols foram de Roger, que entrava para a história do Flamengo e ficava imortalizado na mente de todos que assistiram àquela grande demonstração do que é um Fla x Flu.

Fonte: www.flamengo.com.br/flapedia.


por: Adriana Soares

terça-feira, 19 de abril de 2011

Um título ganho com a barriga


  Mais de 120 mil torcedores testemunharam, no Maracanã, o gol de barriga mais famoso do futebol carioca. Aos 43 minutos do segundo tempo, a torcida do Flamengo já comemorava o título quando Renato Gaúcho se antecipa aos zagueiros do Flamengo e, segundo ele, com a “barriga malhada”, imprime a força necessária que empurra a bola cruzada pelo lateral Ailton para dentro do gol. Não houve mais tempo para reação. O Fluminense vence por 3 a 2 e fica com o sonhado título do centenário rubro-negro, em 1995.

 por Luiz Murillo Tobias e Bárbara Agra

terça-feira, 12 de abril de 2011

Estamos no Twitter


Nosso blog está no twitter: @flaflu100anos

O dia em que Assis virou heroi tricolor

o
Equipe do Fluminense na final do Campeonato Carioca em 1983
Para os tricolores era a chance de vencer pela 25ª vez o Campeonato Carioca, depois de três anos sem ganhar um título. Para os rubro-negros, que eram à época campeões do Rio de Janeiro, aquele era o momento de ganhar o título pela 20º vez. Era uma tarde de domingo de 1983, Maracanã lotado e uma multidão de tricolores apreensivos: o Fluminense tinha que vencer a partida, pois já havia empatado com o Bangu, enquanto o Flamengo ainda enfrentaria o time em seu próximo jogo, no triangular Campeonato Carioca daquele ano.

O Fla x Flu daquele dia se dava, até certo ponto, sem grandes acontecimentos. Um 0x0 seco, que fez com que grande parte da torcida tricolor fosse embora certa de que o time estava eliminado do campeonato. Antonio de Souza Rangel e Eduardo Jardim Rangel, pai e filho, estavam na arquibancada, incrédulos enquanto encaravam o outro lado do Maracanã, preenchido em vermelho e preto por uma torcida ressonante que entoava o famoso "ai, ai, ai, ai, está chegando a hora...".

A confiança rubro-negra foi traída por um vacilo: um jogador do Flamengo fica impedido aos 45 minutos do segundo tempo, ao passo que Duílio, zagueiro tricolor aproveita a oportunidade e toca a bola para Deley. Deley vê Assis numa ótima posição, Assis recebe a bola e lança pra área. A bola passa entre as pernas do goleiro Raul e altera o placar da partida. "Isso foi muito rápido, tão rápido que parecia um sonho. Eu não acreditava, tive que olhar para o placar eletrônico para confirmar se estava valendo, como se fosse um "me belisca aí para eu ver se estou sonhando". Mas, graças a Deus, era verdade... Aquela minoria que acreditou até o fim teve o prazer de curtir aquele momento mágico, alguns até voltaram para as arquibancadas ao ouvir o estrondo da torcida. Muito legal foi ver aquela multidão rubro-negra calada, perplexa, e tendo que nos ouvir "está chegando a hora, o dia já vem raiando meu bem", conta Eduardo"

O 0x0 seco, se tornou um agradável 1x0 para a torcida do Fluminense.

Por Isabela Marinho

Agradecimento ao relato de Eduardo Jardim Rangel.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A música e o futebol com Chico Buarque


       O Brasil é conhecido mundialmente pela sua brilhante qualidade tanto no futebol quanto na música.  Exemplos de seleções e times brasileiros bem como de músicos e canções são constantemente lembrados e versado. E nesse aspecto, um mito da MPB consegue aliar perfeitamente o amor pela música e pelo futebol. Nada mais nada menos que o Mestre Chico Buarque de Holanda, torcedor fanático pelo Fluminense Football Club. O cantor tem uma paixão pelo clube tricolor desde pequeno, influenciado por sua mãe, Maria Amélia, também torcedora do Fluminense.
      Maria Amélia era quem levava os filhos para assistir aos jogos de futebol no estádio Pacaembú., em São Paulo. Chico Buarque conta à jornalista da revista Status,Vivian Lando, em junho de 1982, na época da Copa do Mundo da Espanha, que sua paixão pelo Fluminense começou desde os seus seis anos de idade quando sua mãe o levou para assistir ao jogo do Fluminense contra  o Palmeiras, na capital paulista, pelo torneio Rio-São Paulo. O lance culminante do jogo foi um pênalti contra o Fluminense na metade do segundo tempo. Na cobrança, o goleiro Castilho conseguiu defender o chute do atacante Humberto, mas o juiz mandou repetir. Na segunda tentativa, o arqueiro tricolor ainda chegou a tocar a mão esquerda na bola, mas ela entrou. O Palmeiras venceu por 3 a 1, mas Chico Buarque ficou revoltadíssimo com a atitude do árbitro. Em solidariedade, passou a torcer pelo Fluminense.
        Chico Buarque homenageia o clube tricolor em diversas canções de sua autoria, como por exemplo, em 1968 criou a canção Bom tempo. A manifestação mais tricolor encontrada em uma de suas músicas surge em 1969, na canção clássica “Ilmo Sr. Ciro Monteiro ou Receita Pra Virar Casaca de Neném”. O cantor conta em uma entrevista com Rodolfo Fernandes para o jornal O Globo, em 1998 que ele faz a “transformação da camisa do Flamengo que ele (Ciro) mandou para a Silvinha (filha), quando eu morava em Roma, numa camisa do Fluminense”.

Ilmo Sr. Ciro Monteiro ou Receita Pra Virar Casaca de Neném
Chico Buarque

Amigo Ciro
Muito te admiro
O meu chapéu te tiro
Muito humildemente
Minha petiz
Agradece a camisa
Que lhe deste à guisa
De gentil presente
Mas caro nego
Um pano rubro-negro
É presente de grego
Não de um bom irmão
Nós separados
Nas arquibancadas
Temos sido tão chegados
Na desolação

Amigo velho
Amei o teu conselho
Amei o teu vermelho
Que é de tanto ardor
Mas quis o verde
Que te quero verde
É bom pra quem vai ter
De ser bom sofredor
Pintei de branco o teu preto
Ficando completo
O jogo da cor
Virei-lhe o listrado do peito
E nasceu desse jeito
Uma outra tricolor


Fontes: Livro: Futebol no país da música de Beto Xavier;
http://www.torcidatricolor.com.br/phorum/read.php?2,5144;
Revista Status (06/1982)
Jornal: O Globo, em 1998


Por: Lidiane Costa

A mão salvadora

Pelo torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968, em mais um Maracanã lotado, Fla e Flu fizeram uma partida turbulenta, pontuada por um gol de mão que deu a vitória ao tricolor. O Fluminense adentrou ao campo com a seguinte escalação: Felix, Nélio, Galhardo, Altair, Assis, Cláudio Garcia, Suwing, Serginho, Wilton , Saramone (lula)e Agnaldo.O time do Flamengo era composto por: Marco Aurélio, Murilo, Onça, Guilherme, Tinho, Liminha, Carlinhos, Arilson, Gilbert, Silva e Fio. Num lance aos 13 minutos, Saramone fez um lançamento para Wilton, que enganou o goleiro rubro-negro Marco Aurelio e sem a menor cerimônia ajeitou a bola com a mão, desviando a trajetória da bola, para depois livre marcar o gol da vitória aos tricolores. O árbitro Armando Marques e o bandeirinha Antônio Viug não marcaram a irregularidade, o que deixou a torcida rubro–negra irritada .  O lance talvez tenha sido o primeiro da história nacional  futebolística , que abriu caminho para vários outros presente no decorrer do tempo.

Fontes:


Por: Juliana Souza


O trote da partida


A partida entre o Flamengo e o Fluminense de 27/05/1928, entrou para a história por um fato inusitado.  O jogador Preguinho (João Coelho Netto), que serviu a seleção na Copa do Uruguai, em 1930, recebeu  um suposto telegrama  com uma provocação do goleiro rubro-negro , Amado, com os seguintes dizeres: "Amanhã não farás nenhum gol. Vai ser canja para o Flamengo”. O atacante tricolor respondeu: "Farei dois gols , no mínimo”. No dia do clássico , o atacante entrou em campo enfurecido, aos 2 minutos de jogo, fez o primeiro de longa distância. O segundo foi de calcanhar, depois que a bola escorregou da mão de Amado. O resultado final da partida foi de 4 x 1 para o Fluminense, que venceu mais um campeonato carioca. Muito tempo depois o atacante, soube que lhe haviam pregado uma grande peça, pois o goleiro rubro-negro jamais lhe enviou telegrama algum, e que o autor  era o sócio do Fluminense, Affonso de Castro, o Castrinho.


Fontes:


Por Juliana Souza



terça-feira, 5 de abril de 2011

Primeiro Fla x Flu

               Uns dos maiores clássicos do mundo, que hoje envolve milhões de apaixonados, tiveram sua primeira historia contada em um jogo com publico muito pequeno e certa indiferença por parte da imprensa.
               Em 7 de julho de 1912 no campo das Laranjeiras os dois times se enfrentaram sem saber que 100 anos depois seriam lembrados por fazer parte de uma das mais folclóricas historias do futebol mundial. Edward Calvert foi o responsável pelo primeiro gol em Fla x Flu, hoje depois de mais de 1000 gols em 383 jogos os clubes disputam a hegemonia do futebol carioca com vantagem pra o time da Gávea  com 31 contra 30 do time de Laranjeiras.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 3 X 2 FLAMENGO
Competição: Campeonato Carioca – (primeiro turno)
Local: Laranjeiras
Juiz: Frank Robinson
Público: 800
Flamengo: Baena, Píndaro, Nery, Cintra, Gilberto, Galo, Orlando, Arnaldo, Borghert, Gustavo, Amarante
Fluminense: Laport, Maia, Belo, Leal, Mutzembecker, Pernambuco, Osvaldo, Bartô, Behrmann, Edward Calvert e James Calvert.
Gols:1º tempo: Edward Calvert (1), Arnaldo (4); 2º tempo:  James Calvert (12), Píndaro (25), Barthô (27).

Caio Cesar de Almeida

Fla x Flu da Lagoa




O Clássico das Multidões, como também é conhecido o Fla x Flu, tem muitas histórias marcantes ao longo desses 100 anos de disputa. E um dos episódios mais inusitados foi o "Fla x Flu da Lagoa". Da Lagoa, porque o jogo ocorreu no estádio da Gávea, que fica em frente a Lagoa Rodrigo de Freitas, destino das bolas isoladas pelos jogadores tricolores durante o jogo.

O clássico decidiria o campeão carioca de 1941. O Fluminense já tinha sido campeão em 36/37/38 e em 1940 e o Flamengo havia conquistado o campeonato de 1940. Para os tricolores, bastava o empate, já para os rubro-negros apenas a vitória daria o 8o título carioca.

O jogo começou com o Fluminense arrasador, fazendo 2 a 0, com Pedro Amorim e Russo. O Flamengo diminuiu ainda no primeiro tempo com Pirilo, que voltou a marcar aos 38 do segundo tempo. Apartir daí, o jogo que já tinha uma tensão natural, em função de toda história que cercava a criação do futebol do Flamengo apartir de jogadores do Fluminense, passou a ser disputado com jogadores suando sangue. Literalmente. O goleiro do Fluminense, Batatais, deslocou a clavícula mas seguiu em campo, motivando ainda mais os 9 jogadores do Fluminense que ainda estavam em campo, pois Carreiro foi expulso pelo juíz Juca da Praia por fazer cera em campo.

Após o gol de empate rubro-negro, os jogadores tricolores passaram a mandar todas as bolas da partida para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Assim, demoravam mais a voltar a campo, deixando o Fluminense mais perto do título. O presidente do Flamengo da época, em total desespero, ainda ordenou aos atletas do Remo que ficassem na Lagoa para buscar as bolas mais rapidamente. O juiz ainda deu 12 minutos de acréscimo, mas nada mais tiraria o 14o título carioca do Tricolor das Laranjeiras.

Em uma época onde o amadorismo predominava no futebol, o Fla x Flu da Lagoa ficou marcado para a eternidade como um clássico inesquecível.

Fonte: museudosesportes.com.br

Por Alexandre Fernandes

O último Fla x Flu de Zico

Arthur Antunes Coimbra, maior ídolo da história do Clube de Regatas Flamengo, fez seu último jogo oficial pelo time no histórico Fla x Flu de 2 de dezembro de 1989. O jogo foi realizado no estádio municipal de Juiz de Fora, Minas Gerais. O ´galinho´ fez um gol de falta e abriu o caminho para a goleada de 5 a 0. O jogador disputou o clássico 40 vezes como profissional e marcou 21 gols - o que equivale a uma média de 0,525 gol por jogo.
O Flamengo, dirigido por Valdir Espinoza, jogou com Zé Carlos, Josimar, Luiz Carlos, Rogério, Leonardo (Marcelino), Júnior, Ailton, Zinho, Zico (Uidemar), Bujica e Renato Gaúcho. O tricolor das Laranjeiras foi escalado por Telê Santana com Ricardo Pinto, Carlos André, Edson, Alexandre Torres, Marcelo Barreto, Donizetti, Vitor, Vander Luis, Marcelo Henrique, Silvio e Rinaldo.

por Luiz Murillo Tobias e Bárbara Agra